domingo, 27 de setembro de 2015

Corações fora do peito


Estacionar, sair a correr, tirar café da máquina, marcar o ponto, encontrar pilhas de recados, assuntos por resolver, muitos telefonemas. Primeiro dia no trabalho depois da licença de maternidade. É bom rever as pessoas, retomar as rotinas, desempoeirar as sinapses do trabalho, mas falta-nos qualquer coisa… Sentimo-nos incompletas! Como se tivéssemos vindo trabalhar sem camisa, ou sem um braço! Percebemos que o coração está fora do peito, o meu, ficou com a avó. Dia a dia vamos aprendendo a lidar com essa sensação, e quando dermos por ela, já não estamos sempre a pensar neles. Mentira… estamos sempre a pensar neles, estão sempre lá – no fundo da cabeça – como tão bem dizem os anglo-saxónicos. Vamos sempre pensar neles quando virmos uma mãe, uma criança, uma avó. De repente toda a gente é mãe, toda a gente é filha de alguém. Tornamo-nos mais emotivas, mais humanas. Percebemos melhor os outros, relacionamo-nos melhor com eles. As mães são o melhor do mundo.
E quando achamos que já estamos completamente reajustadas, a fisiologia toca a campainha, o leite que pinga, lembra-nos que ainda estamos tão dependentes dos nossos bebés que o nosso corpo nem sabe o que fazer.
Foi assim há 2 anos e meio, será assim daqui a uma semana, coração fora do peito, desta vez serão dois, e não se torna mais fácil.
Com um abraço apertado para todas as mães que retomam agora o trabalho depois da licença de maternidade.

AMR


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