sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Comparar

A noção de que sou mãe de duas crianças só surgiu no dia do parto. Foi nesse dia que senti o amor duplicar e a responsabilidade aumentar de forma exponencial. Agora não tinha apenas um potencial para ajudar a atingir mas sim dois!
Desde esse momento constatei que a ideia absurda de que dois filhos diferentes são incomparáveis era totalmente falsa. Desde o primeiro momento, procurei as semelhanças entre uma e outra, confesso-me! Mas levei algum tempo até compreender que elas são diferentes intrinsecamente e isso não é necessariamente mau.
A minha primeira filha, tem esse atributo como nome do meio. Parece que fez tudo mais cedo. Com a excepção do andar, os dentes, as palavras, o apontar para os objectos, o identificar correctamente as partes do corpo, o comer como uma desalmada, foi tudo primeiro. Mas enquanto não existiu meio de comparação, esse primeiro pareceu-me natural.
A minha segunda filha tem segundo de nome do meio. Teve pressa em nascer. Mas foi só aí que se apressou! Tudo foi mais tarde. Os dentes, o primeiro sorriso, o sentar-se, as primeiras palavras mal balbuciadas.
Diferem em tudo. E na mente de uma mãe como eu, diferirem é sinónimo de preocupação.
Hoje houve uma conquista. Contra uma primeira que aos 9 meses já empurrava uma colher cheia de comida para mastigar, aos 11 meses e uns trocos, pela primeira vez, consegui que mastigasse alguns alimentos sólidos, numa coisa que se assemelhou a um segundo prato.
Mas continua a resistir a pôr-se em pé e gatinhar nem sequer é com ela.
Para qualquer outra pessoa diria que é normal, que cada criança segue o seu ritmo e cresce na sua própria linha de desenvolvimento. Mas… O amor tolda o processo racional, inunda-o de expectativas e enche-nos de receios. Receio de ter feito alguma coisa mal, de ter sido diferente no tratamento que dei a cada uma, na despreocupação de ser mãe de segunda ou da ansiedade experimentada na primeira.

Ser mães de duas é isso mesmo, viver no limbo da comparação. Mesmo sabendo que, no fundo, o que é incomparável é o amor que nutro pelas duas.

AG

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