terça-feira, 5 de abril de 2016

A perspectiva pós-maternidade da morte

Não sei se convosco também acontece isto, mas há certas coisas nas quais evito pensar, até ser confrontada com uma situação específica que me obrigue a focar nelas.

Soube recentemente de um caso que se passou com uma amiga de uma amiga minha e que me despertou para um assunto no qual detesto pensar: a morte. 

É um tema pesado, forte e muitas vezes evitado.
Tenho a ideia de que ninguém gosta muito de falar nisto, mas é, na minha opinião, um tema incontornável.
Costumava pensar que a morte era inevitável e que um dia chegaria para mim e pronto. Sem grandes tragédias, romantismos ou floreados, afinal se há coisa que temos certa na vida é a morte.
Com o nascimento das minhas filhas, nasceu também o sentimento de que a minha existência é realmente necessária a alguém. 

Não quero com isto dizer que se "desaparecesse", os meus familiares e amigos não sentissem a minha falta. Acredito que sim, que sentiriam, mas necessitariam de mim? 
Muito provavelmente não, ou pelo menos não como um filho necessita de uma mãe (ou de um pai).


Foi a necessidade das minhas filhas de me terem sempre junto a elas (e também a minha necessidade de nunca lhes faltar), que fez com que toda a minha perspectiva sobre a morte se alterasse. 
Assusta-me que a minha convivência com elas possa ser interrompida de forma prematura, sem que tenha o privilégio de as acompanhar ao longo das diversas fases das suas vidas. 
Incomoda-me pensar que lhes posso faltar, seja no que for. 
Revolve-me as entranhas pensar nelas sem mim. 
É por isto que agora tenho muito mais respeito à morte. Medo até!

Sei que é algo inevitável, que mais cedo ou mais tarde vou "partir", mas desejo adiar essa "partida" tanto quanto possível.
A verdade é que se anteriormente fazia tudo sem pensar muito (ou nada) no assunto, agora, que sou mãe, dou por mim a fazer cenários mentais do que me pode acontecer e do quão desamparadas poderão ficar as minhas filhas se algo me acontecer (ou ao pai). É quase como se existência delas tornasse a minha inexistência mais inconcebível.

É por elas que agora faço tudo o que estiver ao meu alcance para não me deparar com a morte cedo demais e que cruzo os dedos para que nada de imprevisto me aconteça.


AFF

1 comentário:

  1. Me vi nesse texto. Como somos resistentes a pensar na morte. E como o medo dela aumenta, e se antes não existia sruge, após a maternidade!
    Mas esse é ciclo sem fim. Todos nascem para morrer. :(

    http://jovensmaesblog.blogspot.com.br/

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